Longe de mim, achar que Bolsonaro é o melhor candidato para as eleições do Brasil 2018. Mas será que não há um único aspecto deste candidato que o Marcelo Madureira, da Jovem Pan, não consiga elogiar?
Tenho o observado há algum tempo, só criticando o Bolsonaro, mas não era o suficiente para constatar a má vontade, que beira o preconceito. Ficou mais nítido depois da entrevista vergonhosa no programa do Roda Viva, na TV Cultura. Mesmo com aquela atuação militante esquerdista por parte dos jornalistas, que ele conhece bem, pois já participou deste movimento durante a maior parte da sua vida, não conseguiu enxergar um ponto positivo no candidato. Nem sequer, em sua mudança de temperamento com opiniões contrárias.
Na visão do Marcelo Madureira, esta postura menos agressiva e maneira de condução de certas respostas é Media Training. Eu tenho acompanhado bastante entrevistas e vídeos do candidato, nos últimos anos. Aparentemente, diferente do caso do Marcelo Madureira, que trabalha com isso. Posso perceber uma mudança gradativa na sua condução de debates, que me leva a acreditar numa possibilidade de evolução legítima. Possibilidade - não certeza. Claro que devemos sempre desconfiar dos políticos. Mas o Marcelo Madureira foi taxativo e pareceu ter certeza do treinamento que o candidato recebeu.
Aliás, qualquer sinalização de mudança de opinião ou postura pelo candidato é imediatamente interpretado como populismo, encenação ou algo do gênero. Não só pelo Marcelo Madureira, mas com toda a imprensa esquerdista e de "centro" que estão inconformados com a possibilidade do Bolsonaro ser eleito presidente.
Vamos analisar, por exemplo, a mudança de pensamento do Bolsonaro sobre as privatizações e liberalismo econômico. Na visão do Marcelo Madureira, é uma mudança populista para "surfar na onda" da indignação da sociedade com o estado inchado. Nunca aceitaria a mudança de pensamento do candidato por convicção, influenciado por tudo que tem acontecido nos últimos anos no Brasil, em relação a corrupção em estatais. Até onde eu sei, mudança de pensamento e conceitos é uma atitude louvável, não?
Na questão econômica, nem se fala. Segundo Marcelo Madureira, Bolsonaro criou um mecanismo de defesa ou um "truque" para se esquivar de qualquer pergunta sobre o assunto que ele menos domina. Nunca aceitaria a possibilidade de ser uma postura humilde do candidato e ainda ter a capacidade de delegar determinados assuntos a profissionais reconhecidamente capacitados.
Algumas vezes acho que é puro preconceito, com o assunto inspirador deste blog - religião. Sabemos que Marcelo Madureira é ateu e o candidato em questão, acredita em Deus. Gostaria que nenhum candidato usasse a crença para fins eleitorais? Sem dúvida. Mas o Brasil está numa situação tão complicada que deveríamos não levar a crença do próximo presidente em consideração. Já passei da fase de achar que ateus são mais inteligentes ou mais competentes que os crentes. Temos dois exemplos de ateus na presidência, que cada um pode tirar suas próprias conclusões - FHC e Dilma.
Por último, chamar um candidato que defende a paralisação do desarmamento da população, a diminuição da maioridade penal, a diminuição das cotas raciais, a valorização da meritocracia de populista, realmente não faz o menor sentido. Se o Bolsonaro realmente fosse populista, ao final da entrevista do Roda Viva, não teria citado o livro do Brilhante Ustra como livro de cabeceira, e sim a Bíblia!