segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Estratégia


Sei que é um assunto espinhoso. Gostaria de propor uma pequena reflexão e futurologia. Algo como teoria dos jogos em relação ao que fazer com os “isentões”.

Estou mais que convencido que os isentões estão criticando, injustamente, até mais que a canhotada. Porém, não sei ainda se a melhor forma de combatê-los seria os ataques intensos que fazemos, semelhantes aos que fazemos com nossos verdadeiros inimigos - os esquerdistas. E sim, estou usando o termo inimigo de propósito, ao invés de adversário, pois não me resta dúvida sobre o mal que esta ideologia faz para a sociedade. Também seus integrantes bem articulados e sem qualquer escrúpulo em defender abertamente a corrupção que, por sua vez, é diretamente responsável por inúmeras mortes por falta de verbas públicas e ineficiência do estado em atender os menos favorecidos. E, ainda, conseguem coordenar uma comunicação intensa, com o auxílio de seus braços em diferentes áreas - imprensa e judiciário, que amenizam o estrago na sua imagem, quando não conseguem livrar completamente a responsabilidade pela retórica absorvida pelos mais despreparados intelectualmente.

Depois do que eles fizeram com o país, seria para nunca mais conseguirem sair de casa com a cara limpa. Mesmo assim, muitos foram reeleitos, para vocês sentirem a eficácia do trabalho de comunicação baseado em fundamentos de Antonio Gramsci. Os nossos inimigos primários merecem todo ataque possível para não deixar espaços para proliferarem suas narrativas ou, simplesmente, mentiras.

Voltando aos isentões. Não sei se devem ser combatidos com toda a força que os esquerdistas merecem e vou explicar o porquê. Como o velhinho fala: “Senso de proporcionalidade, pourrra”. A minha concepção de isentão envolve uma característica positiva. Na essência, eles são, de certa forma, íntegros no julgamento. Tendem a analisar tudo que está sendo realizado pelo governo friamente. Esta característica irrita muito os bolsonatistas, pois não levam em consideração todo o contexto de como as coisas se davam antes, as circunstâncias da campanha e as péssimas alternativas viáveis que estavam à disposição da sociedade.

Acredito que esta falta de levar o contexto em consideração antes de expor suas criticas, seja o fator que mais nos irrita. E com total compreensão, na minha avaliação. Pois estávamos à beira do precipício.

Porém, o que temos que pensar é o seguinte: justamente por serem isentões, são um pouco mais fluídos no voto e apoio eleitoral. Convenhamos: a esta altura do campeonato, dificilmente veremos esquerdistas migrando de espectro ideológico por conta de bom desempenho na economia, baseado em fatos, números e índices. Cá pra nós - números nunca foram o forte dessa gente.

E não nos deixemos nos enganar. Essa canhotada cega ainda possui uma quantidade de gente suficiente para bagunçar uma eleição decente.

Sendo assim, proponho pensarmos em uma nova forma de confrontar os isentões. Com menos agressividade. Porém, incisivamente, pois não podemos deixar narrativas serem propagadas sem contestação. Temos que ter o pé no chão e saber que vamos precisar deles nas próximas eleições para garantir a continuação da reversão do estrago que foi feito. E sabemos que na hora certa, eles acabam vindo para o lado certo. Mas se exagerarmos na dose do combate, pode ter um efeito repelente irrecuperável. Além disso, devemos pensar em gastar a energia para minar nosso verdadeiro inimigo, que está se recompondo e se fortalecendo, já que sobreviveram às últimas eleições. Nosso objetivo deve ser terminar de knockoutear o inimigo, para que não tenha nenhuma chance de comandar o país novamente, durante um bom tempo.

Talvez, uma das estratégias possa ser dar menos visibilidade para esse pessoal. Ignorar um pouco. Tratar como café com leite, ou algo parecido. Torná-los radioativo. Assim, podemos avaliar também qual a quantidade aproximada de público concorda com eles. Vão perceber que não têm tanto apoio como imaginam.